Crônicas

O Futuro em Santo Antônio

Sinara Foss


Acordo as 06h30min, tomo um café da manhã reforçado com frutas iogurte e granola. Às 8 horas da manhã começo a trabalhar na cidade de Porto Alegre, sou professor Universitário. Pego meu carro, dirijo lentamente observando as árvores frondosas. Os cachos cor de cereja abertos me acompanham durante todo o percurso até o estacionamento na Estação Guarda Velha localizada lá perto da antiga freeway. Não é a toa que acidade é chamada a “cidade do flamboyant”.

Olho ao redor, com satisfação e por que não dizer com orgulho, ao observar centenas de pessoas trabalhando na construção da nova linha de metrô: A que vai ligar a Estação Guarda Velha até o centro da cidade. Já está havendo uma pesquisa para escolha do nome: a) Linha Moenda Central b) Linha da Cachaça c) Linha da Rapadura. Vou votar na primeira alternativa. Tiveram outras ideias anteriormente que me agradavam mais, mas a decisão final ficou entre essas três.

A estação do centro (essa que ainda não tem nome) será dentro de um Shopping Center. A construção bem adiantada, ali na RS 474 , pertinho do aeroporto Serra e Mar, já desperta a atenção de mais investidores para a região. Com a inauguração dessa estação teremos mais lojas, mais bares, restaurantes, e duas salas de cinema. Ou seja, teremos mais empregos e ainda mais renda para nosso município.

Nossa cidade cresceu muito nas últimas décadas devido às melhorias na cidade. O desemprego ficou para trás. O progresso, enfim, chegou.

Mal vejo a hora de curtir a conclusão dessa obra que vai facilitar ainda mais a vida dos cidadãos patrulhenses. Comodidade, conforto, segurança e economia ímpar para nossa cidade. Somos privilegiados aqui entre a capital, a serra, e o litoral com esse ar de interior.

Entro na estação com filiais das tradicionais lojas, cafeterias e restaurantes, centro de Santo Antônio. Não me apresso. Se eu perder esse metrô, em cinco minutos passará outro. A essa hora circulam muitas linhas que vêm do litoral em direção a capital. Em 30 minutos, estou lá. Em 10 minutos estou na praia de Tramandaí, 15 em Capão.

Antes não era assim. Meus pais contam que meus avós tiveram que ir para Porto Alegre, morar lá, após a conclusão do Ensino Médio. Com 17 anos, iam pra capital, morar em pensionatos ou dividir apartamentos com colegas. Isso se quisessem pensar em ter uma profissão melhor porque aqui não havia opções. Claro, pra quem tinha apartamento ou casa lá não sentia muito. A família podia ir e ficar junto durante a semana. Podiam deixar o lugar de estudos com cara de casa, com cara de lar. Infelizmente esse conforto todo não foi a situação dos meus avós.

Hoje o jovem patrulhense que quer estudar na Capital ou trabalhar vai de Metrô. Mora em casa, no conforto e junto ao calor de sua família. Pela manhã, vai lendo, estudando, confortável nos bancos onde sempre tem um jornal do dia atirado para quem quiser se inteirar dos assuntos de sua região. O passado e seus desconfortos, ficou na lembrança dos mais velhos.

Meu trem chegou. Abro minha mão, e coloco a palma perto do sensor de digitais. Uma voz suave diz ao me reconhecer:
- Tenha uma boa viagem, professor.

Sento-me sorrindo, confortavelmente em um banco à janela e respiro fundo, enquanto me dirijo à capital.

 

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